# 24.

«Já não sou aquela princesa, vinda de um conto de fadas, já não aquela princesa loira de olhos claros,
que reinava este mundo, que tinha força par lutar contra tudo e todos, já não aquele princesa de nome 'silencioemsegredo', onde foi ela?  Foi com ele, quando ele partiu.
Era ele que a fazia dela uma princesa, era ele que fazia de ela única, era ele,
ainda me recordo dos nossos tempos sentados, a olhar a estrelas e a dizer, 
'repara naquela, será sempre a tua protectora, ate ao fim'.
Aquela princesa, sorria para ti com uma cara de menina feliz, por ter palavras que mal ela percebia,
mas sabia que essas palavras eram honestas.
Muito tempo passou, a princesa cresceu e nos seus nove anos, ouvi-ou uma frase 
sempre relembrada 'olhos de meninas, coração de mulher', porque é que esta frase bate-me tanto?
Foram sorrisos trocados, são abraços relembrados, é tudo guardado numa caixa na metade do meu coração.
Quando eu não podia estar pior,recebo um telefonema, em que me disseram
'senta-te, descontrai, e recorda 'repara naquela, será sempre a tua protectora , ate ao fim'' 
e eu numa voz veloz, e dolorosa, disse 'porque isso agora? o que se passa?'
meus olhos raiados em lágrimas, meu coração a bater, sentia-me apagada.
Do outro lado so ouvia 'olhos de meninas, coração de mulher'.
Desliguei o telemóvel, desci as escadas, sem pensar em nada, as lágrimas escorriam por o rosto a baixo, 
ate que cheguei ao fim das escadas, sentei-me e pensei o que todos pensam.
'Porque tu? foste e deixas-te porque?'
Agarrei-me ao meu rosto, com as lágrimas em mim, transbordava raiva dentro de mim, 
revolta de algum dia teres ido e não me ter levado, tinha medo de ser aquela pequena mulher imatura, 
tinha medo de não conseguir ajudar o teu filho, aquele homem que eu orgulhava de ter,
aquele que me abraçou em momentos de aflição, aquele que me pegou quando nasci,
não é meu pai, mas era como se fosse, pensas-te no teu filho quando partis-te? em mim pensas-te? 
e na tua neta? e na tua mulher?
Eu continuarei a ter orgulho em ti, mas de uma coisa nunca te esqueças, o teu filho tentou-te salvar
com as suas proprias mãos, sangre frio, ouvi-o os gritos da mãe
'POR FAVOR O TEU PAI NÃO RESPIRA'
ele na sua maneira veloz de ir, correu a seu auxilio, agarrou no pai e disse numa voz que tocou no
coração de qualquer pessoa ' não vás pai, não me deixes'
ele fez respiração boca a boca do pai, tentou reanima-lo, tentou manter a calma e no fim de ver que o 
pai deixou de respirar, disse a mãe ' deixa-me sozinho com ele'
agarrou numa manta e tapo-o e disse numa voz de tristeza ' nem um adeus foste capaz de dizer, mas amo-te'
E a ultima palavra que ele disse foi o nome filho.
Foi a primeira vez que admiti que chorei, porque queria que voltasses, queria as tuas palavras sabias,
eras como avo para mim, era um homem que eu me orgulho de ter conhecido
e convivido.
UM SEMPRE!

«olhos de menina, coração de mulher»
«repara naquela, será sempre a tua protectora, ate ao fim»

Com os meus 15 anos disse-te um ate já e nunca um adeus.»